"- Estavam a tocar a Sonata de Kreutzer, de Beethoven. Conhece o primeiro presto? Conhece? – exclamou – Ooh! ... Esta sonata é uma coisa terrível. Precisamente esta parte. E a música em geral. (...) O que é a música? O que é que ela nos faz? E por que é que faz o que faz? Dizem que a música provoca um efeito sublime na alma ... Mentira, absurdo! Provoca um efeito, um efeito terrível (estou a falar de mim), mas não sublime. (...). A música faz-me esquecer de mim próprio, da minha verdadeira situação, transporta-me para outro espaço qualquer que não é o meu: a música parece que me faz sentir o que na verdade não sinto, que me faz compreender o que não compreendo, parece que, com a música, posso fazer o que na verdade não posso (...)"
Lev Tolstói, A sonata de Kreutzer, p. 90.
2 comentários:
E o que é interessante é que, ao que tenho visto, escreve-se sempre acerca da música com o cuidado das reticências... Põe as palavras verdadeiramente em sentido!
Não consigo viver sem ela, a música! É interessante que, comigo, o amor veio com a idade. Não lhe ligava muito nos tempos de teen. E a Casa onde ela é tocada é sempre um local a repetir!
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