Argumento e realização: Gus Van Sant (baseado na novela Paranoid Park, de Blake Nelson)
Elenco: Gabe Nevins, Dan Liu, Jake Miller, Taylor Momsen.
Sítios oficiais:
http://www.paranoidpark.co.uk/ e http://www.paranoidpark-lefilm.com/
França/EUA, 2007
No seu mais recente filme, o realizador aborda a comunidade skater, os dramas de um adolescente de 16 anos filho de pais em processo de divórcio, a queda de valores sociais, a relativização do valor da vida e, sobretudo, as consequências que uma decisão pode ter no nosso quotidiano.
Alex, miúdo quase normativo, comete um crime e decide não revelá-lo a ninguém. Escreve sim uma carta, que no final queima, a Macy, amiga acidental. A história desenrola-se em analepses quase constantes, porventura de uso exagerado. As técnicas de desfocagem são amiúde usadas e o início da película quase nos transporta para o Blairwitch Project, tamanha é a movimentação da câmara. Felizmente as coisas estabilizam e as tensões da personagem principal desenrolam-se em tom apropriado, triste, mas acima de tudo sério.
Se tivesse de destacar uma frase do filme, a mesma seria da excelente banda sonora que mistura sons tão variados como clássica, punk, rock, rap e country. Deste último estilo, a frase: die like a man.
Alex está a tentar entrar no mundo dos adultos. Fá-lo da forma mais complexa: pelo desafio às normas, pelo ocultar de algo que provoca fortíssima dor interna mas que, na perspectiva do adolescente, o tornará independente.
As filmagens decorrem, em boa medida, no mais conhecido parque de skaters de Portland, Oregon, EUA, também conhecido por Punk Park (nome oficial, O’Bryant Square). Assinale-se alguma perda de intensidade a meio do filme, o que o torna de alguma forma monótono.
Porventura o prémio obtido por Paranoid Park no 60.º aniversário de Cannes deve-se mais à qualidade da novela homónima de Blake Nelson do que à magia de Van Sant, bem melhor em outras películas.
3 comentários:
Gostei muito de ler esta "curta sobre metragem"!
Estou com grande vontade de ver este filme.
Li, aliás, a propósito dele um interessante comentário de Daniel Sampaio, na Pública deste domingo, que vê o parque como "a metáfora das «paranoid adolescences» dos nosso dias".
A propósito da tua opinião menos abonatória do filme sobretudo quando comparado com filmes anteriores do mesmo autor - maxime o "Elephant" - lembrei-me que li ou ouvi (já nem sei!) aquando do Festival de Cannes um comentário no sentido de que este filme, por versar sobre o mesmo universo do filme anterior, acabava por merecer menos aplauso do que mereceria. Como que se o sabor à déjà-vu contaminasse as pupilas ("gustativas"!) do espectador que, com algum preconceito, não vislumbrasse toda a qualidade do filme...
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