segunda-feira, agosto 13, 2007

"Death Proof", Quentin Tarantino


“Death Proof”, “À Prova de Morte”
Argumento/Realização: Quentin Tarantino
Elenco: Kurt Russell, Rosario Dawson, Vanessa Ferlito. Jordan Ladd, Sydney Tamiia Poitier, Tracie Thoms, Zoe Bell, Quentin Tarantino.
90 minutos, EUA, 2007.

www.deathproof.net

É certo que estamos em plena “silly season” e que o habitual deserto de ideias que ataca por esta época é bem capaz de toldar os espíritos. Mas o caso não é esse. Falo do último filme de Tarantino, “Death Proof”, parte do projecto “Grindhouse”, que associa aquele realizador a Robert Rodriguez, ambos cultores dos “B movies”.
Começo por dizer que não sou grande fã deste dito “mago” do cinema, mas em anteriores películas admirava alguns diálogos absolutamente improváveis, planos de realização bem conseguidos e bandas sonoras imprevisíveis.
Em “Death Proof”, tudo ruiu. Do pouco que para mim existia. A ideia de base não é má, apesar de pequenina (ao contrário do enorme desejo do realizador que aqui desempenha um pequeno papel como Warren, the Bartender): um perturbado, por certo ejaculador precoce, incapaz de demonstrar os seus sentimentos na vida social, transforma-se num “serial killer” quando ao volante de carros potentes, à prova de morte (para o condutor), mata jovens de origens duvidosas e outras nem tanto, em manobras acrobatas que muitas vezes me fizeram lembrar (para pior) “The Three Dukes” (bons tempos…, no “Agora escolha”, com a Vera Roquette).
São apenas duas histórias em que de caçador, Stuntman Mike (Kurt Russell) passa a presa, às mãos de três moçoilas bem resistentes, também elas ligadas ao “showbizz”, em especial, ao maravilhoso mundo dos “duplos”. Muita violência gratuita, com pernas literalmente cortadas, diálogos pobres e cortes permanentes, como aliás o espectador é avisado logo no início da exibição do filme. E benditos cortes. 90 minutos chegam bem para resultados tão deprimentes. O original é mau e o mau não é original.
Nota positiva apenas para Russell, num papel diferente daquele a que estamos habituados e demonstrativo de que, apesar da idade, está em boa forma.
Bem tentei encontrar a crítica social, a sátira ácida. A questão do divertimento, do seu “nonsense” apenas é aflorada, de modo inconsequente. A dualidade brutalidade/ternura, na personagem de Stuntman Mike é só uma espécie de apanhado. A velha ideia de que a velocidade altera o comportamento humano é aqui retratada de modo buçal e através de uma plasticidade tal que chega a ser confrangedor ver um realizador como Quentin Tarantino contentar-se com tão pouco.
Eduardo Prado Coelho escrevia no “Público” da semana que ora termina que “Death Proof” era um dos filmes que mais o havia interpelado nos últimos tempos. O colunista de “O fio do horizonte”anda a ser pouco interpelado… Contudo, nestas coisas “tarantinas”, as opiniões valem o que valem… as boas e as más…

Fica o “trailer” do filme, bem ao gosto de “Lauro Dérmio”…


1 comentário:

Anónimo disse...

Apesar de alguns pormenores menos bons, gostei, no geral, do filme, em especial do seu final "tipo-mortal-kombat", a lembrar aquele momento do mítico jogo em que o adversário entrava na fase KO e ao seu oponente era colocado o desafio: "finish him"!! Muito booom!! :)