quinta-feira, julho 05, 2007

Apenas raios


Young boy in the Sun, Franz von Lenbach, 1860, Darmstadt,Hessisches Landesmuseum.

No dia em que o Sol me beijou a pele,
a calidez do ar bebido tornou-se
ofegante manto de Felicidade incontida.
Os poros satisfizeram o desejo da Aurora
daqueles dias em que moreno junto
a ti,
naquela Praia secreta que em sonhos visitava
e onde apenas havia toalha, e areia, e mar,
e ancinhos, e baldes, e castelos…
para nós.
O fulgor dos raios de luz entorpecidos
nas copas das árvores às quais rezámos
pelo vigor do laço que nos aprisiona
em liberdade condicional doce e melosa,
é agora aplainado pela espiga de trigo
com que me presenteaste em sinal
de comprometido trabalho.
Deixemos os raios do Astro
atingirem os nossos corpos
sem lhes exigir que nos colorem.
Que fiquem apenas,
que somente aqueçam o sangue já revolto,
que tão-só transformem o teu sorriso
em girassol cata-vento que me cata
a Solidão!

F.L.

PS - Desculpem, mas no dia do aniversário do Tretas não podia deixar de partilhar convosco estas "tontices"...

6 comentários:

ml disse...

desde que partilhe sempre as belíssimas "tontices"... :)
*

GBN disse...

Parabéns à Santa Trindade Bloguística!

Anónimo disse...

Em grande estilo a escrita de novo acontece, partilhada por todos nós...que bom....um dia quiça gostaria de saber escrever assim..... obrigado pelas memórias que até podem ser de todos nós....Um grande abraço é bom ler-te

verde disse...

Lindíssimo este poema!

x disse...

como sempre adorei o poema. é, sem dúvida uma 'tontice' muito poética. :)
tenho andado às voltas com o seu poema 'se' e já há algum tempo que lhe queria sugerir que visse o filme 'my life without me' da isabel coixet (se ainda não viu, claro).
faz-me mesmo lembrar o 'se'.*

p.s vou colocar o trailer no cineclube.

rtp disse...

Belíssima tontice! :-)