Apenas flores (2006)
Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos, Alma Azul, p. 35
Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos, Alma Azul, p. 35
4 comentários:
"A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor."
E o poema é apenas... maravilhoso!
Foi o poema que enviei com os meus votos de Boas Festas em 2005. Gosto muito do poema. É muito Alberto Caeiro, que nem é dos heterónimos de que mais gosto.
À semelhança da Luísa, não é dos heterónimos de Fernando Pessoa que mais gosto. Mas a simplicidade da escrita e o apelo ao bucolismo vêm, naturalmente, no espírito primaveril da época. Pena que o S. Pedro não ajude...
eu sou muito aquela pessoa para quem,
"A borboleta é apenas borboleta
E a flor apenas flor".
gosto bastante dessa impressão simples das coisas. este poema faz-me lembrar o dia em que os meus pais me ofereceram o livro do desassossego, e uma colectânea de alberto caeiro da assírio e alvim. o dourado e o negro das capas e o sol a bater na janela.
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