A Orquestra Sinfónica da Rádio Nacional da Ucrânia passou ontem pelo Porto, oferecendo, no Coliseu, um belo concerto.
A abertura da primeira parte, inteiramente dedicada a Beethoven, deu-se com "Leonora III". Ludwig foi sensato ao retirá-la da sua Ópera Ofélio – sendo uma abertura corria o risco de, com a sua magnificência, ofuscar o corpo principal da dita.
Seguiu-se o momento que, para mim, deu o maior brilho à noite: a interpretação da famosa Sinfonia n.º 5 de Beethoven. Magnífica! Aos primeiros acordes percebemos porque é que a BBC a escolheu para iniciar os seus programas de rádio durante a II Guerra Mundial. A eloquência daquele jogo concertado de quatro notas escolhidas e arrumadas a preceito – e que, em código de Morse, equivalem à letra V - robustecem o ânimo, pacificam a alma e conferem inteireza ao carácter de quem as ouve. Preparam o ouvinte para a crueza de alguns episódios da vida, com a promessa de Vitória que a antepenúltima letra do alfabeto (sem contar os duplos V e Y) vai inspirando.
A Orquestra Sinfónica da Rádio Nacional da Ucrânia faz jus à reputação e historial que a acompanha. E, facto digno de registo, porque pouco usual, é dirigida elegantemente por uma mulher, Victoria Zhadko.
E, com a indiscutível qualidade da orquestra, até aquele que se anunciava o manjar principal, e que pessoalmente menos me entusiasmava, – a Carmina Burana vulgarizada no famoso anúncio da "Old Spice" – se mostrou de aprazível degustação. A obra de Carl Orff, com o seu inevitável aroma a after-shave e com as evocações ondulantes de um mar venturosamente encrespado, soou-me melhor do que o costume com aquela superior execução. O coro estatal russo reconciliou-me com "Oh, Fortuna Imperatrix Mundi".
A abertura da primeira parte, inteiramente dedicada a Beethoven, deu-se com "Leonora III". Ludwig foi sensato ao retirá-la da sua Ópera Ofélio – sendo uma abertura corria o risco de, com a sua magnificência, ofuscar o corpo principal da dita.
Seguiu-se o momento que, para mim, deu o maior brilho à noite: a interpretação da famosa Sinfonia n.º 5 de Beethoven. Magnífica! Aos primeiros acordes percebemos porque é que a BBC a escolheu para iniciar os seus programas de rádio durante a II Guerra Mundial. A eloquência daquele jogo concertado de quatro notas escolhidas e arrumadas a preceito – e que, em código de Morse, equivalem à letra V - robustecem o ânimo, pacificam a alma e conferem inteireza ao carácter de quem as ouve. Preparam o ouvinte para a crueza de alguns episódios da vida, com a promessa de Vitória que a antepenúltima letra do alfabeto (sem contar os duplos V e Y) vai inspirando.
A Orquestra Sinfónica da Rádio Nacional da Ucrânia faz jus à reputação e historial que a acompanha. E, facto digno de registo, porque pouco usual, é dirigida elegantemente por uma mulher, Victoria Zhadko.
E, com a indiscutível qualidade da orquestra, até aquele que se anunciava o manjar principal, e que pessoalmente menos me entusiasmava, – a Carmina Burana vulgarizada no famoso anúncio da "Old Spice" – se mostrou de aprazível degustação. A obra de Carl Orff, com o seu inevitável aroma a after-shave e com as evocações ondulantes de um mar venturosamente encrespado, soou-me melhor do que o costume com aquela superior execução. O coro estatal russo reconciliou-me com "Oh, Fortuna Imperatrix Mundi".
12 comentários:
Inveja por não ter estado lá!
Ainda bem que te reconciliaste com Orff! Gostei da referência poética ao Old Spice:) Na verdade, há mixed feelings em usar trechos de música dita clássica em anúncios de TV: torna-os mais conhecidos do "grande público" (para mim facto sempre bom), mas também os vulgariza em demasia!
O Fortuna, semper in angaria!
Foi pena não teres assistido, de facto. Havias de ter gostado!
Esqueci-me de referir a prestação notável do magnígico tenor Andrey Naydenov! :-)
Pela descrição, deve ter sido um espectáculo imperdível... E fica a prova que a Invicta tem muita oferta de qualidade! É preciso é estar atento. E tu estás sempre lá!
A nossa rtp é sempre atenta! E um tenor Andrey é meio-caminho andado:) Como o código postal!
Pois está claro, filipelamas. Há nomes que condenam os seus portadores à qualidade e fama! ;-:).
Cara joaninha, tanta simpatia! Nem sempre "estou lá". Faltei por exemplo ao espectáculo que descreves no teu último post! Por uma impossibilidade é certo!
FilipeLamas
Imagino como teria sido esse espectáculo.
Desejo para si e família um bom fim de semana.
Um abraço.
ZezinhoMota
Sem DÚVIDA DEVE TER SIDO UM ESPECTACULO ENORME!
QUE INVEJA...
PENA TENHO DE NÃO TER ESTADO LÁ! :-)
Obrigada filipelamas pela entrada no meu cantinho remodelado!
Um bj Sony
Olá, obrigado pela visita ao Cinema Paraíso. Deve ter sido um bom espectáculo, já varias vezes a carmina Burana e adoro, é fantástico.
Eu estive no Coliseu em Lisboa... Gostei em particular da Carmina Burana.
(Grata pela visita ao Fotoescrita, onde deixas sempre palavras de estímulo)
Ah, mas eu sou devota de Orf e da Carmina Burana, principalmente na versão dirigida por Karajan e a orquestra Filarmónica de Berlim!
Sobretudo porque há já muitos anos consegui as letras de todas as canções e repectiva tradução para inglês (esta bastante má e que por isso convém ignorar de todo).
O próximo passo é conseguir o resto da trilogia: as Catuli Carmina e Triophi di Aphrodite..
E agora a propósito: que tal fazermos um abaixo assinado para que se publique em Portugal as obras de Nikos Kazantazis, a começar por "Zorba o Grego, "A última tentação de Cristo" e a continuação da "Odisseia", um poema épico de 35 mil versos?
CSD
Conta comigo, CSD! :-)
E comigo também!! CSD: onde assino?
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