Sandro Botticelli, Primavera, c. 1478, Galeria degli Uffizi, Florença.
Sem que me ocorra qualquer advérbio que aqui expressasse o que pretendo, X assume várias faces. Mais do que Juno, não contempla somente o fim de um ano e o início do próximo, mas comporta-se mais como Cérbero que tudo vê, tudo perscruta.
Ele há-o em estado puro, surgido do nada ou de uma relação construída no desfiar do Tempo. Ele há-o rápido, certeiro, fugaz, sem deixar marcas (será mesmo X ou X-1?) ou cujas marcas permanecem coladas com um produto que se arrasta e vai corroendo as fundações, que laboriosamente rói as traves-mestras de um sumptuoso edifício até que ele cai. E quando cai ou se reergue (a imagem de Fénix aqui já está puída) ou fecha de vez o ser a X.
Há-o ainda hesitante, inseguro, necessitando de certezas absolutas que nunca chegam. E, claro, o X acomodado. O que tem demasiado medo de viver sem o respectivo quadrado (X ao quadrado – não encontro a tecla que dá para colocar o símbolo matemático…) ou que imagina que o tal quadrado, afinal, é tudo o que deseja e o que sente é um desmesurado temor de se expor. Ao Outro. A Si Mesmo.
Há-o doentio (não será todo o X doente?), de ciúmes construído, de paradoxos alimentados, de infantilidades pejado, de figuras ideais que o tal quadrado nunca poderá atingir e que o X insiste em que se tente lá chegar tantas vezes para dizer a si mesmo que não pode ter um quadrado em permanência mas vários quadrados que vão formando a quadratura do círculo ou o fechamento da abóbada que permanece escancarada.
Óbvio, há-o permanente, duradoiro, intenso mesmo ao longo de anos e anos. Raro? Talvez. Todos conhecemos no entanto vários desses X. Muitos deles, provavelmente, geraram-nos (falta o Y, claro).
Afinal quem ou o que é o raio do X? Nada disto? Tudo isto? Não sei. Duvido que alguém saiba. É pretensioso escrever sobre isto? Por certo. Então para quê escrevê-lo? Simplesmente porque sim, porque me apeteceu. Não é essa razão suficiente? Talvez seja a melhor maneira de começar a entender 0,000001 % de X.
Ah! Toda esta "chorreada" (a palavra é um perfeito ignoto) melodramática bipolar e levemente maníaco-depressiva a propósito de um filme que acabei de ver: “The Holiday”. O título em português iria fazer X corar de vergonha tamanha é a pirosice.
O quadro do pretensioso connaisseur de arte foi achado muito apropriado ao desfolhar as páginas de uma excelente prenda (ou presente? Nunca sei como é mais pretensioso…) que acabei de receber.
Bem, deixo-vos
3 comentários:
O "X"`é um lugar (muito) estranho!
Agente secreto?! Não será X a toutinegra futurista? Ou teremos todos um pouco de X, esperando embora que existam alguns YY à nossa espera?
A culpa é do xistema!
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