Amena Tranquilidade
"Os dois amigos afastam-se. Descem o caminho que penetra na floresta. Está um dia de indescritível beleza. O ar cheira a terra molhada e a flor de frangipana. O musgo forma almofadas bordejadas a jade e os bambus estremecem sob o peso de mil pássaros. (...)
No céu, ao sabor de uma ligeira brisa, as andorinhas escrevem poemas invisíveis. (...)
(...) O sol poente salpica de manchas douradas o tapete de musgo, e subitamente, jorrando desse mosaico verde tingido de fogo, surge uma nascente. Aparece entre duas pedras e a água que brota segue cinco direcções, como se desenhasse a forma de uma mão estendida e de cinco dedos afastados, uma mão aberta, uma mão oferecida. (...)
(...) Nela (na água da nascente) restam apenas os bons momentos e as melhores horas, tudo o que há de doce e feliz. As outras recordações, as que magoam, as que ferem, as que retalham a alma e a devoram, todas essas desaparecem, diluídas na água como uma pinga de tinta no oceano. (...) "
No céu, ao sabor de uma ligeira brisa, as andorinhas escrevem poemas invisíveis. (...)
(...) O sol poente salpica de manchas douradas o tapete de musgo, e subitamente, jorrando desse mosaico verde tingido de fogo, surge uma nascente. Aparece entre duas pedras e a água que brota segue cinco direcções, como se desenhasse a forma de uma mão estendida e de cinco dedos afastados, uma mão aberta, uma mão oferecida. (...)
(...) Nela (na água da nascente) restam apenas os bons momentos e as melhores horas, tudo o que há de doce e feliz. As outras recordações, as que magoam, as que ferem, as que retalham a alma e a devoram, todas essas desaparecem, diluídas na água como uma pinga de tinta no oceano. (...) "
Philippe Claudel, A neta do senhor Linh, Edições Asa, pp. 70 e 73.
6 comentários:
Tomara que tivessemos sempre a capacidade de reter apenas aquilo que nos faz felizes! Uma excelente resposta ao enternecedor post anterior de rocky cheio dos sentimentos natalícios que para ela e para a rtp são para manter ao longo de todo o ano e não um luxo filantrópico sazonal.
Obrigada pela visita ao Fotescrita, leitora silenciosa.
Bom Natal!
Uma escolha fotográfica bem apropriada...
Uma bela descrição da «beleza indescritível», acompanhada de uma fotografia linda, simples e pura, como imagino que seja a neta do senhor Lihn.
É um livro muito bonito, e com a rara qualidade (nos dias que correm) de se ler de um fôlego. Mas atrevo-me a dizer que ainda assim fica longe da verdadeira obra-prima que é o livro anterior do mesmo Claudel, "Almas Cinzentas". Um dos 2 ou 3 melhores livros que li nos últimos anos, de uma intensidade que deixa completamente abananado o mais granítico e insensível dos leitores.
Muito obrigada no que respeita à fotografia. De facto, gosto muito dela. Tirei-a em inícios de Outubro e já há algum tempo que queria pô-la no blog. Mas não surgia a ocasião certa. Ao ler o livro de que já aqui falei surgiu o ensejo adequado.
Tem razão, joe. Gostei muito do livro. Por isso, já comprei o "Almas Cinzentas". Com o que acaba de dizer, não posso esperar para começar a lê-lo.
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