quinta-feira, julho 06, 2006
Pano negro
Pegámos num pano negro e nele depositámos todos os nossos medos. Primeiro os mais antigos, os de criança que julgávamos esquecidos no baú das recordações poeirentas de um passado longínquo. Depois, lentamente, em um silêncio ensurdecedor, com o suor a escorrer das têmporas, fomos desfiando os medos actuais. A voz embargada e o olhar perturbado em busca de um ponto onde não existisse pedaço de outrem. Um ponto asséptico perante o qual o confronto com o medo fosse menos assustador. Falhar. Atónitos, verificámos que tudo se reconduz a este verbo taciturno, a este Ente malévolo. Esboçámos um sorriso cúmplice. Uma solidariedade mais que improvável percorreu-nos à medida que ganhávamos consciência de que a massa humana é a mesma. Medo, coragem, falhanço, avanço, recuo. Alguém lembrou: «O medo pode ser bom. É também ele que nos faz atravessar as ruas com cuidado.»
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Uma verdade simples e plena.
Gostei de por cá passar.
Obrigado! És sempre bem vinda!
O meu quadro favorito.
Palavras sábias.
Boa sorte para o teu blog e obg pela mensagem que deixaste.
Eu é que agradeço! Não é todos os dias que se tem uma visita amazing!:)
Será que concordamos que o medo pode ser bom, ou simplesmente nos tentamos convencer que há um lado positivo na sua existência, para não nos sentirmos ainda mais aterrorizados pela sua definitiva presença?
Já estou a complicar, eu sei...
No limite, é bem possível que os nossos mecanismos de defesa assim mascarem a realidade...
Enviar um comentário