domingo, julho 23, 2006
Palavras de vime
Para a Helena e para o Rui
Eis o dia que pedistes:
A Natureza, em valsa lenta,
Emoldura o quadro que sonhastes.
A Vida à porta está, sedenta,
Armada com naus de gestos floridos
E dias de matizes coloridos!
Não há cestos para palavras de vime
Em dia tão indizível e sublime!
Do meigo cisne a pairar
Em água turva ou transparente,
Fizestes divisa a recordar
A entrega do dom eloquente!
-Cisne, não tenhas medo de voar;
O infinito é teu de par em par!
Não há cestos para palavras de vime
Em dia tão indizível e sublime!
Se lei alguma conheceis,
É a do Amor incondicional
Que a todos nós ofereceis
Em vaso de perfume celestial!
Inebriantes, encontrareis a Vida
Em um trago sôfrego bebida!
Não há cestos para palavras de vime
Em dia tão indizível e sublime!
A certeza do olhar,
A angústia partilhada,
O secreto chilrear
Da lágrima encordoada…
Tudo vivereis,
Nada vos será tirado,
Decerto porque amareis
O íntimo cântico entoado!
Não há cestos para palavras de vime
Em dia tão indizível e sublime!
Aquele que em nós habita,
Mais do que num sacrário,
Seja sempre o que nos incita
A aspirar ao frondoso imaginário
De rostos que de frente se olham
E nunca, por nunca, se antolham!
Não há cestos para palavras de vime
Em dia tão indizível e sublime!
F.L.
Pintura de Jan van Eyck, The Arnolfini Marriage
1434, National Gallery , London , England
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Isto é muito bom.
parabéns
João Norte
intro.vertido.weblog.com.pt
Meu caro João,
Muito obrigado! Parabéns também a si pelo intro.vertido!
Gostei.
És de Famalicão?
CSD
Não, sou do Porto. Mas o casamento em causa foi em Famalicão. Se calhar conheces os noivos... Era giro!
Bjs.
Enviar um comentário