Tretas & Letras
RETROSARIA DE TUDO E DE NADA // A tretar desde 2006 // Perseverantia in virtute
quinta-feira, maio 10, 2012
PARABÉNS, FL!
quinta-feira, março 29, 2012
Artigo de opinião
http://www.ionline.pt/opiniao/este-pais-ja-nem-velhos
segunda-feira, janeiro 16, 2012
Sherlock Holmes 2
Quanto ao mais, nada de novo: o mesmo fino humor, a mesma desbragada ironia de Holmes, as picardias com o inefável Dr. Watson, a luta de morte com o Prof. Moriarty. Uma receita infalível de venda de livros, cinema e “merchandising” do grande Sir Arthur Conan Doyle que tem resistido à poeira do tempo.
As representações das lutas entre o bem e o mal configuraram sempre terrenos férteis de produção artística em todas as suas dimensões, pela simples circunstância de revelarem que todos nós somos percorridos por esses dois eixos.
Sem dúvida um filme que cumpre os seus desideratos, ainda que relativamente modestos. Um bom e típico filme de domingo à tarde.
sexta-feira, dezembro 30, 2011
domingo, dezembro 25, 2011
Típica mensagem
Com o aproximar do fim do ano, é também tempo de balanço e de perspetivar o futuro, ainda que saibamos, muitas vezes que quase só por "milagre" vamos cumprir algumas resoluções de ano novo. Da minha parte, fazer desporto é sempre um voto que vou esquecendo e que me faz falta agora que a barriguinha dos trinta vai fazendo das suas... Pode ser que este ano... Naaaaa...
Foi um ano muito intenso. Provavelmente o mais intenso que me foi dado viver. E como tudo o que é intenso, vivi numa espécie de montanha russa que me distraiu, aqui e além, do grande objetivo profissional que tem mesmo de me guiar, sob pena de ter de procurar um novo emprego... Logo, este ano terá de ser de focagem nessa coisa que tanto trabalho dá e que muitas vezes é muito pouco agradável de fazer... Mas enfim! Antes isto que partir uma perna!
2012 também será de confirmações ou infirmações a outros níveis, como sempre sucede. Não há grandes armas novas para os enfrentar... Ou se calhar há e eu não conheço... Enfim, vai-se decidindo caso a caso, esperando menos para receber mais e ser mais surpreendido.
Estou a ficar lamechas e chato, por isso, despeço-me com aquele abraço amigo a desejar
um feliz Natal e um ano de 2012 com poucas "troikadas"...
André
sexta-feira, dezembro 23, 2011
Nanni(smo)
A ideia central do filme é bastante inovadora: um Papa eleito que sofre um ataque de pânico na altura de se assomar à varanda do Palácio Apostólico da Praça de São Pedro e que enfrenta uma profunda crise quanto às suas reais capacidades para assumir a cadeira de Pedro. Uma novíssima maneira de encarar os conclaves, o secretismo envolvente e os jogos de poder amplamente tratados pela filmografia, desde logo com “As sandálias do Pescador”.
Todavia, Nanni Moretti fica alguns furos abaixo do que nos tem habituado. Falta intensidade dramática ao filme e ao personagem para ser um drama e falta muita ironia para estarmos perante uma comédia. Não adianta colocar cardeais e alguns bispos a defrontarem-se num torneio de voleibol, nem tão-pouco o discurso peripatético do psiquiatra desempenhado pelo próprio realizador.
Estamos sempre à espera de mais, de um «volte-face» e o final, apesar de não ser surpreendente, cai mal pela falta de preparação dos espetadores. Falta uma reflexão sobre a luta interior do Papa eleito e, até (porventura fosse pedir demais…) alguma crítica à orgânica e posicionamento da Santa Sé. Lá se vai dizendo pela boca do Papa confundido que muita há a mudar, mas nada mais. Porventura produzir o filme em Itália tenha funcionado como algo que coarta a liberdade artística.
Porém, se é assim, Nanni Moretti está a perder qualidades. O que é, manifestamente, uma pena.
quinta-feira, dezembro 22, 2011
quarta-feira, dezembro 07, 2011
A marca na pele de um estilo
Prova o realizador, uma vez mais, que o cinema europeu não tem de ser chato para ser profundo, não tem de ser escuro para tratar de questões complexas. Almodóvar permanece encantado com a loucura humana, com o sentimento de perda que a morte sempre provoca e com a miríade de matizes que todos nós encontramos para com ela lidar. Umas mais saudáveis, outras, como aqui, do reino do patológico.
Dir-se-ia, ademais, que o realizador encontra a modernidade ou que esta última, por fim, alcançou Alomodóvar. As manipulações transgénicas, a mudança de sexo (ainda que forçada), a habituação a um corpo novo, a uma pele resistente ao fogo, nada mais são que metáforas modernas de angústias seculares: como reconhecermo-nos no e pelo corpo em que habitamos?
A resposta parece estar na frieza e na crueldade como nos vamos tratando nestes tempos que se dizem “civilizados”. A proposta do argumento passa, todavia, por uma crítica mordaz das relações humanas, por uma espécie de odor pútrido de carne que, de tanto feder, ameaça consumir a alma.
Excelente representação de Elena Anaya e bom papel de Banderas, neste reencontro com Almodóvar passados vinte anos de películas tão ousadas quanto polémicas.
Ah! Claro! O sexo. Esse continua em A pele onde eu vivo. Não poderia deixar de gritar “presente” na filmografia a que nos referimos. Porém, é agora mais suave, mau grado cenas que poderiam ser menos explícitas. Não por um qualquer puritanismo serôdio, que “não nos assiste” (expressão tão em voga…), mas apenas e tão-só porque o velado é, quase sempre, mais provocante e produtor de fenómenos imaginários mais profundos.
Confesso que abandonei a sala com um estranho aperto. Não na pele, mas em todo o peito. Porventura ainda não estarei bem na pele em que habito ou, talvez, hipótese mais provável, seja apenas o efeito de Almodóvar que tanto admiro: nunca me deixar indiferente ao que realiza, ao invés do “mundo maravilhoso de Hollywood”.
segunda-feira, novembro 28, 2011
domingo, novembro 27, 2011
Fado
Não se explica este gosto, como porventura nenhum outro. Não me parece também que seja sinónimo de estar a ficar mais velho, verdade tão evidente quanto insofismável. É, isso sim, uma parte da nossa maneira de ser. Não pela tristeza e inevitabilidade de um destino trágico. Nada disso. É uma forma de sentir apaixonada, intensa, que sublinha tudo em traços muito grossos e que nos faz sofrer muito, mas também ser muito felizes.
Enquanto verdadeira expressão de um povo, cuja alma capta em muitas das suas dimensões, não pode deixar de ser património imaterial da Humanidade. Mesmo que o não seja, ele já o é no lugar mais importante: no coração de quem o ama. É pouco? É demais.
Exemplo disto é a emoção de Mariza ao cantar "Gente da minha terra", tão apropriado nos tempos de verdadeira crise (há fome no nosso País!) que atravessamos.
domingo, novembro 13, 2011
Veias que latejam
Sinto-te nas minhas veias que latejam,
surpreendo-te nas íngremes escadas da Ribeira,
murmuro “amo-te” quando te espreguiças na Foz,
prostro-me em adoração quando, de Gaia,
contemplo com olhos marejados o casario.
Lavo minh’alma nas alvas roupas
que gente de sotaque carregado
lavou com suor, algumas lágrimas e
uma pitada de orgulho por diferente
se respirar o peso granítico do ar.
Surpreendo-te namoradeiro e rapioqueiro
em ruas de má fama, em pregões desafinados,
em eternos queixumes contra os malandros de Lisboa.
Vivo e convivo com as tuas imperfeições,
esconjuro a tua amiúde pequenez,
o teu provincianismo paroquial.
Logo me dou conta que não fazes por mal,
que são espinhos teus erros,
que mora em ti um coração de Rei que, apaixonado,
to legou e te aclamou invicta.
Sim, Porto, és mesmo tu
quem tanto amo!
Sim, Porto, és mesmo tu
quem se entrelaça no meu ser!
F.L.
GNR: um Vintage de 30 anos
Começar a fazê-lo na cidade que viu nascer os GNR e no mítico Coliseu do Porto, tornou o espetáculo ainda mais emocionante.
Passadas em revista as grandes glórias dos músicos, sobrou em charme e cumplicidade. "Pronúncia do Norte" ou "Ana Lee" estão entre os meus temas favoritos . Pena foi que se não tivessem juntado mais convidados a um evento histórico.
Mas a sala estava cheia e o Porto não esquece os seus!
sábado, novembro 12, 2011
Pavio da chama
René Magritte, Os amantes, 1928, Museu de Arte Moderna, Nova Iorque.
Nos teus olhos azul,
na tua boca vermelho,
da tua alma alvo branco.
As cores da paleta do Pintor
acolhem-se a ti em sinfonias,
em bebedeiras de carícias,
em gestos de amorosa tirania.
Dos teus olhos azul,
da tua boca vermelho,
na tua alma branco alvo.
Quando estás longe
uma parte de mim também parte,
esconde-se em montanhas longínquas
onde pássaros do frio esvoaçam
sem rumo, ecoando nesse voo
a falta de ti.
Dos teus olhos azul,
da tua boca vermelho,
da tua alma branco alvo.
Não morres quando fecho os olhos.
Há uma luz ténue que, resoluta,
teima em queimar o pavio com chama.
A luz não me autoriza a dormir,
mas quem precisa de perder tempo
quando ama?
F.L.
sexta-feira, novembro 11, 2011
Bengala do tempo
Retirei a vida do corpo e o corpo permaneceu a respirar.
Desguarneci de asas o vento e o vento teimou em silvar.
Mutilei a alma em pedaços e a alma insistiu em reinar.
Arranquei uvas à videira e a videira manteve-se fecunda.
Se te tirassem de mim, ficaria muito diferente.
Não és bengala, vida, asas, pedaços ou uvas:
és gente.
E sendo gente, estranho a ausência do teu beijo,
do teu cheiro, do teu abraço, de ti.
Não te tiro, nem tirarei.
Não te retires tu também.
F.L.
segunda-feira, novembro 07, 2011
Händel_Messias_@_ Casa_da_Música
A Orquestra Barroca da Casa da Música vai, assim, melhorando e, quem sabe, um destes dias estará à altura das maiores da Europa.
Olhar e ver
Olhei e não vi.
Vi e não olhei.
É com os olhos da alma
que se enxerga melhor;
que se mira o importante.
O que se olha com os olhos de carne é acessório.
Com a alma vê-se o humano:
conjunto de defeitos travestidos de qualidades;
massa de qualidades que teimam em ser defeitos.
Olhei e vi
e logo me apareceste atormentada e duvidosa.
Vi e não olhei
e logo uma parte de mim desejou não ver.
Ver e olhar:
a eterna condição e contradição de enxergar.
F.L.
segunda-feira, outubro 24, 2011
"Apneira do sono"
Agora, os homens são todos musculosos, saídos de ginásios e com cérebros mirrados e elas são todas bem dotadas da cintura para cima, mas muito pouco quando abrem a boca. Talvez seja um retrato do ideal de beleza da atualidade. Da superficialidade e do tipo de conversas que campeiam, quase todas começando por "tipo", "é assim", "prontos", "estás a ver". Isto seria o menos, se o conteúdo das interações não fosse tão oco, tão banal e, por isso, tão desinteressante.
Vende. Claro que sim! Não obriga a pensar e, no final de um dia de trabalho em que se chega a casa de rastos, é ligar o piloto automático e consumir fast TV. Sem mais. Isto não é grave. Grave mesmo é que estes sejam role models para bastantes pessoas.
Então uma jovem chamada Fanny que ontem nos brindou com pérolas como a "apneira do sono" e outras de que me tenho esforçado por esquecer, que supostamente está noiva e que dentro da casa "namorisca" e cujo "noivo" foi ao programa em auto-de-fé de amor eterno, com troca de galhardetes aos "sogros"...
O que me valeu foi que, entretanto, começou a Britcom na RTP 2. E que a minha lerdice de domingo chegou ao limite. Abençoada seja!
Ciclo cinema SOS Racismo Porto
Caro/as amigo/as
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4050-032 Porto
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domingo, outubro 23, 2011
Paragem
Salvador Dalí, A persistência da memória, 1931, MoMA, Nova Iorque.
Estancou o tempo.
O nosso amor ordenou a suspensão de Cronos.
A História conheceu um intervalo
único e irrepetível.
Os voos dos pássaros congelaram,
as folhas das árvores deixaram de ondear,
as ondas dos mares petrificaram,
os sorrisos cristalizaram-se em lábios arqueados,
o choro susteve-se, mantendo as caras feias.
O grito do mundo cessou,
as musas deixaram de respirar.
Tu e eu,
naquele abraço eterno
fizemos tudo isto.
Sem processos científicos complexos,
sem decomposições atómicas,
sem tecnologias de ponta.
Apenas com dois corpos que se unem,
com lábios que se entrelaçam,
com vontades soerguidas que tudo podem,
ao menos naquele instante.
Alimentamo-nos de instantes,
bebemos o efémero,
aspiramos ao inconstante, ao diverso, ao que é novo.
Seremos loucos por assim proceder,
seremos pouco avisados por tanto confiar,
seremos humanos por tanto amar.
Sim, seremos tudo isto!
Ser louco, pouco avisado e humano
é o nosso Destino!
Embarquemos nele!
F.L.