quarta-feira, julho 27, 2011

Preto e branco


É engraçado pensar que quando ainda não havia cor na TV, o mundo parecia mesmo a preto e branco. Nessa altura não seria tão grave, na medida em que não se era (tanto) só e em função de aparecer no pequeno ecrã. Mas, hoje, o que seria de um mundo do "showbizz" a preto e branco? Por certo a nossa percepção do mundo seria muito diversa. Contudo, porventura mais clara: preto ou branco. Sem cores intermédias. Apimentam a vida, mas também a complicam em não pequena monta...

quinta-feira, julho 21, 2011

Parabéns RTP!!!


Embora com atraso de um dia, aqui ficam os merecidíssimos e sentidos parabéns à nossa RTP por mais um aniversário natalício, desta feita fora de portas:))
Que tenha sempre a Felicidade que tanto merece!!

A Direcção do Tretas:))

quarta-feira, julho 20, 2011

Amarillo



Vincent van Gogh, Seara com ciprestes, 1889.

Amarillo cornija de los campos de cultivo

espigados al sol.

Amarillo de los tiempos de niñez

en que el polvo de las calles era sólo

la consecuencia de caminar más deprisa.

Amarillo de una maña preclara

en que te miré y rencontré la elegancia de la sencillez.

Amarillo de una tarde de verano

de piel sudada de deseos y ansiando por tu cuerpo.

Amarillo del atardecer de la vida

en que te contemplo, compañera de jornada.

No de una lucha,

no de una aventura maravillosa,

pero simplemente de una vida.

¿Por ventura será poco?

İAdemás Tu eres tanto!

F.L.

quinta-feira, julho 14, 2011

Brilho

Somos todos futuros falecidos.

Per summa capita, algo que (quase) foi dito ontem à tarde...

Das minhas leituras


Incisivo, actualíssimo e tão certeiro:
In place of welfarism and interventionism, the virtues and the values of "the market" were extolled as a panacea for both the country's economic ills and social failings.

Ian Brownlee, «New Labour - New Penology?», in: Journal of Law and Society, 25, 3 (Sept. 1998), p. 322.

Língua maltratada

«(...) já que o Ministério Público de Estarreja, que dirije o inquérito ao acidente, (...)»

Onde anda o Wally?

terça-feira, julho 12, 2011

Pequenos prazeres



Pequenas mentiras entre amigos e Don Giovanni de Mozart no Coliseu.
Dois pequenos grandes prazeres da vida. O primeiro, um poderoso filme francês, supostamente uma comédia, mas que nos interroga sobre a pequena mesquinhez de que todos somos capazes. A não perder! Don Giovanni é sempre uma obra-prima. Ainda que num Coliseu sem condições adequadas, o elenco foi excepcional. Destaco Carla Caramujo, brilhante como nos tem habituado!

Contextualizar



René Magritte, The son of man, 1964.

À procura de respostas no interior de nós próprios encontramos pedaços de coisas do passado. Uns doces, outros agridoces, uns quantos amaros de todo. Todos, porém, parte de nós. Não somos só deuses nem apenas diabos. É esta a nossa natureza, tantas vezes de difícil aceitação. E que felicidade imensa aceitarmos as nossas imperfeições, esforçando-nos por corrigir aquelas que podemos e devemos alterar! Em nós e naqueles que amamos. Não tenhamos o receio paralisante de contemplar os nós negros, os estilhaços de sangue, as obras mal conseguidas. Sem elas não seríamos o que somos hoje. Dir-se-á que, porventura, seríamos então melhores? O que é ser melhor? Não que se advogue aqui um relativismo inconsequente, mas também não se pode viver obcecado pelo que se poderia ter feito melhor. Fizemos o que nos pareceu, na altura, o mais apropriado, dadas as condições e a informação disponível. Tal como no julgamento da História, também na nossa história/estória pessoal a localização espácio-temporal é um dado essencial de análise. Não o percamos de vista!

sexta-feira, julho 08, 2011

oh thou

oh thou my heart is full of thee
my soul demands for whom
serving as master to be
in a slavery of zoom.
thy must he feel that heat
encompassing the beat
with angry swords
slashing anguishing floods.
raise my country in heights
those who make it not flourish
and allow them to sights
never in bitter so nourish.

F.L.

Basura

Placenteros caminos de Portugal bordeados por humares de caricia estulta y fría. Ahora que eres la basura de Europa ¡agrégate a los oprimidos de África y encabeza la lucha contra el sistema!
Te escribe, con cariño,
José Luís

Sótão



Henri Matisse, The attic studio.


Atrás do nevoeiro cerrado também há gente que respira. Para além da linha do horizonte também existe suor e lágrimas. Depois dos cumes das montanhas também há risos e esgares de faces. Subindo os degraus de escadas de catedrais também há silêncios comprometedores e omissões criminosas. Descendo a catacumbas soturnas existem pedaços ocos de santos e estandartes gastos de palavras de pouca ordem. No sótão das emoções também há abraços, beijos e afagos. A escada para o sótão está partida. Consegues consertá-la hoje?

quinta-feira, julho 07, 2011

Parabéns ao Tretas!


E não é que anteontem, sorrateiramente, o Tretas fez 5 aninhos?
Um caso de longevidade na blogosfera, agora que Facebook e afins retiraram protagonismo a esta forma de comunicação.
Por cá continuamos, a partilhar pensamentos, emoções, impressões. Por cá continuamos a fazer deste um espaço de Amizades, enquanto tudo isto nos fizer sentido, a nós e àqueles que por cá passam.
Obrigado pelo vosso carinho!

Os Treteiros,
RTP Filipelamas

Groundzero

Iluminação súbita da alma,

serenidade perdida nos umbrais da infância,

espiga desfolhada em suave toada,

mão sobre mão bailando iluminada,

olhar tristonho em abundância

de mel dado, jamais recebido,

feridas no meio de palma

aberta, magoada e que te traz despido.

Sobe a um monte de Judá,

e livra-te do manto exaurido.

F.L.


quarta-feira, julho 06, 2011

Clôture

Clôture de vêtement en toi

habillé de façon gris et puissante

entraine une boisson en garde d’œil

et vient en train d’arriver à la rose

désespérée sans épines

et sans sang de saints

en pleine communion des dieux.

Où es-tu, mon Père ?

F.L.

Pueblo


Vincent van Gogh, A sesta, 1889/90, Musée d'Orsay, Paris.

Hay sonidos y rostros de campesinos

fatigados del labor inicuo,

de piel surcada por pigmentos de sol,

sin agua, sin un pedazo de pan,

durísimo que sea.

Se vislumbran mantos de gente

imberbe, desproporcionada, fea y sucia

de olor pestilente en el corazón de sueños

perfumados con la belleza de infancia.

Los sueños son gente y la gente,

de fea, casi se transforma en sinfonía

vibrante de notas de dolor matizada.

İ Mira! İ Adelante! İ Este es tu pueblo!

İ No vos avergoncéis de él!

İ Es él que se avergonzará de vosotros!

F.L.

segunda-feira, julho 04, 2011

pedras



Imagem retirada de http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://dcmusicaviva.org/

Há música no meu caminho e as pedras são de calcário:
desfazem-se à passagem das gentes.

domingo, julho 03, 2011

corridinho lisboeta

prazenteira sobe o rossio e contempla
as montras
olha os paparazzi de lado
não vá aparecer na primeira página
vai destruída mas de peles vestida
por fora
leva um sorriso postiço
que nem a melhor água francesa
tira
treinou-o tantos anos
acenos e multidões
mas vai despida
de emoções
ou melhor,
vai vestida de negrume carvão
quando se estatela no chão

F.L.

rasgado

o que eu daria por um pedaço de vida
só, rasgado, despedaçado e destemido
o que eu faria por uma nesga de sangue
desse que rejuvenesce as entranhas
e aquieta o espírito
quem eu degolaria pelo santo graal
da ilusão eterna
a que palcos subiria para te saber
mesmo que não te pudesse ter
a que profundezas desceria
somente para um vislumbre de
um odor que sendo carne
se materializa em espírito
e que sendo espírito da carne bebe

F.L.

sábado, julho 02, 2011

Vis



Paula Rego, Mulher-Cão, 1994.

Que vis expansiva é esta que sinto dentro de mim? Que gigante adormecido feito Adamastor habitava no topo de gárgulas de catedrais flutuantes em terrenos fosforescentes de ilusão? O que faço com esta força indómita que me leva ao infinito, que me conduz às portas da loucura e que de novo me abeira da normalidade do acontecer humano? Quem me conhece afinal, no mais fundo e num âmago que nem eu próprio conhecia?

Serás tu, na verdade, parente fiel que me segura a fronte caída e que por mim vela em noites de intensa febre e assintomáticas dores? Serás tu, irmão amado; tu sim, espécie de”herói por conta própria” como um dia escreveste? Para ti guardo o pecúlio acumulado com sacrifício. Com intenso sacrifício. Aquele que mais custa na vida, pois importou da vida desistir, ou ao menos de um segmento importante dela.

Erupção vulcânica de rochas basálticas. Tudo está a transformar-se. Mais verdadeiro, menos inquieto, mais seguro, de mim, de Ti, de todos. Depende-se um pouco menos das convicções externas. Afirma-se um pouco mais a pauta interna.

Os custos estarão para vir, a conta ter-se-á de pagar. Nessa altura recorrerei à fonte campesina das origens, à enxada de terras do Marão e correrei os vendilhões do templo. Haverá balanças injustas e desequilibradas pelo ar, moedas contrafeitas e grilhões de dor desapartados. Não haverá “choro e ranger de dentes”, pois de visão apocalíptica se não trata. Apenas uma rolha de um finíssimo champagne que se abre para ser bebido por bocas que se desejem abeirar do altar da partilha. Serão poucas as flutes servidas, mas o espaço do altar também é exíguo…